No dia em que são comemorados os 189 anos da elevação de Campos à categoria de cidade, outro fato histórico, mas que, ainda, tem pouco a comemorar, foi tema de reunião na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL): o fechamento da livraria mais antiga do País – Ao Livro Verde – e as possibilidades do retorno de suas atividades. Na reunião foi lido relatório com diagnóstico da situação atual e apresentadas diversas propostas, entre as quais torna-la um Centro Cultural. O Comitê Organizador da campanha SOS Ao Livro Verde também já solicitadou ao prefeito de Campos uma audiência para que ele receba o relatório.
A campanha SOS Ao Livro Verde chega a segunda fase da mobilização iniciada ano passado, quando tomaram força os, até então, boatos de que a livraria mais antiga do Brasil iria fechar. Já com a campanha pelo salvamento de Ao Livro Verde em andamento, em novembro ela realmente encerrou suas atividades. Porém, a mobilização continua. Na reunião, o jornalista Adelfran Lacerda, do Comitê Organizador da campanha, explicou que a primeira fase começou com um abaixo-assinado que arrecadou mais de duas mil assinaturas e teve o apoio oficial de mais de 60 instituições locais, regionais, estaduais e nacionais, como Academia Brasileira de Letras (ABL) e Associação Brasileira de Imprensa (ABI), além de Associação Nacional de Livrarias (ANL).
– Nós conseguimos o objetivo do abaixo-assinado, que era a formação de uma Comissão Técnica especializada para avaliar propostas e viáveis e legais para que a livraria continuasse existindo e fosse perenizada para as futuras gerações. A Comissão foi criada pela Câmara de Vereadores, tendo dois representantes da prefeitura, dois da Câmara e três da sociedade civil. Nesta segunda fase que estamos iniciando, o marco vai ser a audiência já solicitada ao prefeito de Campos para que ele receba os membros que elaboraram este relatório e, se possível, crie imediatamente um grupo técnico executivo de trabalho, com prazo definido de existência para formatar o que precisa ser feito, o que pode ser feito e em quanto tempo – pontua Lacerda.
Ele acrescenta que também está sendo ajustada a criação da Associação de Amigos de Ao Livro Verde – uma entidade civil, com estatuto próprio e que estará apta a pleitear e receber verbas públicas e privadas para a manutenção e despesas que serão geradas com a possível criação da Casa de Cultura Ao Livro Verde ou Espaço de Cultura Livraria Ao Livro Verde – o nome ainda será definido.
Os estatutos vão prever um conselho de administração, com representantes do Poder Público, Prefeitura e Câmara de Vereadores e da sociedade civil e este conselho será gestor deste novo espaço. Também haverá um Conselho Fiscal, que fará todo acompanhamento do que for recebido e do que for pago para prestação de contas destes recursos ao Ministério Público. Em breve será aberto espaço para filiação.
“Estamos otimistas com esta campanha, que não se encerrou. A gente sabia que esta luta seria longa, árdua. A livraria esta temporariamente sem funcionar por decisão do proprietário, mas a luta da sociedade civil para preservação e continuidade da livraria Ao Livro Verde vai muito além do prédio. É um legado que temos o compromisso, a missão e a responsabilidade de deixar para as próximas gerações”, destaca o jornalista.
Presente à reunião, a historiadora e escritora Sylvia Paes ressalta que a ideia do grupo é manter o bem imaterial, que é o nome, a marca Ao Livro Verde e o bem material que é o prédio histórico, tombado pelo Coppam (Conselho de Preservação do Patrimônio Municipal): “O SOS Ao Livro Verde está entrando em contado, também, com o Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) para providenciar um tombamento do Estado e, em nível nacional, com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Isso ajudará a manutenção do espaço para a criação de uma futura casa de cultura”, conclui Sylvia.