Presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União) está entre dois caminhos de seu futuro político que são de fazer inveja a muitos políticos: concorrer ao Governo do Estado ou a uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Enquanto não chega o momento em que terá realmente de decidir, Bacellar – que está prestes a ser reeleito à presidência da Assembleia – se reuniu neste fim de semana com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em meio a articulações por uma candidatura do campo da direita ao governo do estado em 2026.
Como mostrou o jornalista Bernardo Mello, do jornal O Globo, Bacellar já recebeu sondagens do entorno do ex-presidente sobre uma eventual disposição de concorrer à sucessão do governador Cláudio Castro (PL), que deve deixar o Palácio Guanabara em abril do ano que vem para se candidatar ao Senado.
“Por ora, o presidente da Alerj evita se comprometer com uma candidatura majoritária, mas tem cultivado o relacionamento com Bolsonaro.
Este foi o terceiro encontro entre Bacellar e o ex-presidente em um intervalo de seis meses. Em junho do ano passado, Bolsonaro havia recebido Bacellar na sede do PL em Brasília, onde presenteou o deputado estadual com uma medalha de “imbrochável”, espécie de honraria que o ex-presidente entrega a nomes que considera de sua confiança.
A visita a Bolsonaro aconteceu neste fim de semana, em Angra dos Reis, município na Costa Verde do Rio onde o ex-presidente tem casa de veraneio. Antes disso, Bacellar já havia participado de uma confraternização do PL em dezembro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Na ocasião, ficou perfilado junto a Bolsonaro em um palco montado para os principais caciques políticos presentes ao encontro.
“(Domingo é) Dia também de visitar o nosso eterno presidente Jair Bolsonaro. (…) Seguimos juntos, com união, diálogo e trabalho”, escreveu Bacellar em uma rede social.
No encontro com Bolsonaro, segundo interlocutores, Bacellar sinalizou que o estado “precisa de estabilidade” em 2025 antes da definição de uma candidatura. O presidente da Alerj acumulou atritos no ano passado com Castro, conforme o próprio governador admitiu em conversa recente com jornalistas.
Ainda de acordo com o jornalista, a relação, porém, passa agora por um momento de pacificação, e a base aliada do Palácio Guanabara garante que apoiará a recondução de Bacellar à presidência da Alerj, na volta do recesso parlamentar, em fevereiro. O PL, com 17 deputados, é a principal força da Assembleia.
Outro caminho
Apesar de cotado a concorrer ao governo do Rio, Bacellar não descarta se candidatar a uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), sonho antigo do deputado. O TCE terá uma cadeira aberta no segundo semestre deste ano, com a aposentadoria compulsória do conselheiro José Maurício Nolasco, que completa 75 anos em maio.
A tendência é que a Alerj postergue o preenchimento da vaga até que o cenário à sucessão de Castro fique mais claro. A votação cabe aos próprios deputados estaduais.
Construção de aliança
O plano do PL é preencher as duas cadeiras ao Senado que estarão em disputa em 2026 no Rio. Uma delas é a do senador Flávio Bolsonaro, que tentará a reeleição. A outra, hoje, tende a ser disputada por Castro, que precisaria se desincompatibilizar do governo até abril do ano que vem. Com isso, o vice-governador Thiago Pampolha (MDB) assumiria o governo e poderia tentar a reeleição ao Palácio Guanabara à frente da máquina estadual.
De olho em formar uma aliança robusta, e focado no Senado, o PL já sinalizou que vai endossar a candidatura de um partido aliado ao governo do Rio.
Hoje, além de Bacellar e de Pampolha, outro nome cotado é o do ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), que recebeu afagos da família do ex-presidente na confraternização do PL em dezembro.