Parecer do Ministério Público aponta abuso de poder político e uso da máquina pública para favorecer a reeleição de Geane Vincler
O Ministério Público Eleitoral da 141ª Zona Eleitoral de Italva e Cardoso Moreira apresentou parecer pedindo a cassação dos mandatos da prefeita Geane Cordeiro Vincler e da vice-prefeita Neriete Navarro Alves, ambas do município de Cardoso Moreira. O MP sustenta que houve abuso de poder político nas eleições de 2024, com uso indevido do programa “Aluguel Social” e contratações irregulares de servidores temporários para fins eleitorais. O espaço está aberto à defesa de Geane e da vice para manifestações.
De acordo com o promotor eleitoral Marcelo Alvarenga Faria, autor do parecer, a investigação comprovou que o programa social foi utilizado como instrumento de coação e captação ilícita de votos, com monitoramento de beneficiários em redes sociais e ameaças de exclusão do benefício para quem apoiasse adversários políticos.
Beneficiários sob pressão
O documento cita depoimentos de ex-beneficiárias do programa que afirmaram ter perdido o auxílio após declararem apoio ao então candidato de oposição, Renatinho Medeiros.
Segundo o MP, os cadastros das famílias eram controlados pela então coordenadora do programa, que chegou a manter documentos oficiais em sua residência, fato descoberto após mandado de busca e apreensão. O órgão concluiu que a gestão do programa funcionava “como um verdadeiro comitê de fiscalização política”, violando princípios da administração pública como impessoalidade e moralidade.
Aparelhamento da máquina pública
Além das irregularidades no Aluguel Social, o Ministério Público apontou um aumento expressivo nas contratações por Recibo de Pagamento Autônomo (RPA) durante o ano eleitoral. Segundo o parecer, as contratações teriam sido usadas para favorecer politicamente o grupo da prefeita, configurando o que o MP classificou como “um exército de cabos eleitorais pagos com dinheiro público”.
“O município foi transformado em um cabide de empregos, com vínculos precários e sem critério técnico, em uma estratégia para criar dependência e gratidão política”, diz o documento.
Pedido de cassação e inelegibilidade
Diante das provas apresentadas, o Ministério Público Eleitoral considerou o conjunto de evidências “robusto, coeso e irrefutável” e defendeu a cassação dos mandatos e dos diplomas da prefeita e da vice-prefeita, além da declaração de inelegibilidade por oito anos.
O parecer ressalta ainda que, em municípios de pequeno porte como Cardoso Moreira, práticas dessa natureza têm “potencial deletério maximizado”, desequilibrando a disputa eleitoral e ferindo a igualdade entre os candidatos.

Confira o parecer ABAIXO:




