O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira (25) a demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade. Socióloga por formação, Nísia será substituída por Alexandre Padilha, atual chefe da pasta das Relações Institucionais. Médico infectologista, Padilha já foi ministro da Saúde no segundo mandato de Lula.
A decisão foi comunicada à ministra durante reunião no Planalto, nesta tarde. A troca de comando será oficializada durante cerimônia de posse marcada para 6 de março.
Alexandre Padilha
Nome de confiança de Lula, Alexandre Padilha foi escalado no começo do governo como ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação do Planalto junto ao Congresso Nacional.
Padilha, que é deputado federal pelo PT (SP), já havia ocupado o mesmo cargo no segundo mandato de Lula. Médico infectologista, doutor em Saúde Pública e professor universitário, também foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014. Na sua gestão foi criado o programa Mais Médicos.
Padilha também atuou na cidade de São Paulo, no governo de Fernando Haddad como prefeito. Ele foi secretário de relações governamentais (2015) e secretário municipal de saúde (2015-2016).
Neste terceiro mandato de Lula, Padilha atuou nas articulações para aprovar o arcabouço fiscal, a reforma tributária e a primeira etapa da regulamentação das novas regras do sistema de impostos.
O ministro, no entanto, sofreu críticas pela dificuldade do governo na relação com Congresso, dependente do apoio dos partidos do Centrão. O então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou em diversas oportunidades que a base de Lula era frágil e chegou a romper relações com Padilha.
Nísia Trindade
Primeira mulher a ser ministra da Saúde, Nísia Trindade é socióloga de formação, com doutorado na área e mestrado em Ciência Política. Pesquisadora e professora universitária, ganhou destaque como presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre 2017 e 2022.
À frente da Fiocruz, Nísia se destacou nos esforços para mitigar os efeitos da pandemia de Covid-19, em um período no qual o então presidente Jair Bolsonaro (PL) incentivava aglomerações e questionava sem provas a eficácia das vacinas. A atuação colocou a pesquisadora na equipe de transição de Lula e, a partir de janeiro de 2023, no cargo de ministra da Saúde.
Sem filiação partidária, mas próxima do PT, Nísia teve o cargo cobiçado por partidos do centrão nos últimos dois anos. A ministra teve de reorganizar a pasta e fez uma gestão com discurso de defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, seu trabalho foi criticado dentro do governo.
Lula lançou com Nísia o Mais Especialidades para facilitar o acesso a consultas especializadas pelo SUS, porém entende que o programa demora a engrenar e não tem a visibilidade necessária.
O presidente gostaria que o Mais Especialidades fosse uma das marcas do terceiro mandato. Também pesou contra Nísia a dificuldade para lidar com o surto de dengue em 2024 e problemas na gestão de vacinas. Por outro lado, houve aumento da cobertura vacinal no calendário infantil.