Dizem que quando uma mãe perde um filho, todas as mães perdem também. Mas, na dura realidade que a gente só aprende com a vida, quando um filho morre, morre junto sua mãe. Porque cada mãe pode ter muitos filhos, mas cada filho tem apenas uma mãe. Ela nasce e morre com ele. E quando ele parte, invertendo a lógica da vida, muito dela vai com ele.
Parte um pouco a filha que contava tantos casos, a amiga que dividia segredos, orgulho e preocupações, a irmã de inúmeras lembranças, a mulher, a sobrinha, a neta. Todas essas que, reunidas, formavam o ser mais complexo que existe: a mãe.
Com a partida deste filho, parte, também, aquela que o carregou no ventre e a que o aconchegou nos braços. A que o amamentou, no peito ou não, e que cada gota ingerida era festejada como final de campeonato.
Parte aquela que virava as madrugadas sem dormir e ia verificar se a cria estava respirando quando, finalmente, pegava em um sono profundo.
Parte a que o viu andar pela primeira vez e a que carregava a culpa (porque a culpa por tudo e qualquer coisa faz parte do ilógico sentimento da maternidade) de não estar lá nos seus primeiros passos.
Quando um filho morre, morre a que colecionava pequenas vitórias, como ouvir ser chamada de mãe pela primeira vez, chorar nas festas da escola e chegar a casa, exausta, mas sorrir porque ele não quer ninguém, só você.
Quando uma mãe perde seu filho, perde todo o futuro que não mais acontecerá. As noites aguardando notícias, as manhãs de correria para o colégio, as dúvidas, os netos correndo pela sala. As risadas e as lágrimas, o prazer de fazer o prato favorito. Tudo é vazio.
Ela pode até ter outros filhos. E, sim. Por eles continuará vivendo. Porque é mãe deles também. Voltará a sorrir, cantar, viver. Colecionar as tais pequenas e grandes vitórias. Por eles, será sempre a fortaleza, o aconchego, o carinho, o porto seguro, pois se existe uma coisa que mãe sabe fazer é ser mãe até quando parece ser impossível.
Quando parte um filho sua mãe renasce outra. Reaprende a amar em outro plano. As pequenas vitórias colecionadas são as lembranças únicas, só deles, cheiros, risadas compartilhadas, histórias que ficarão para sempre. Isso nunca poderá ser tirado.
O filho partiu? Talvez não. Ele também renasceu, embora em outra esfera, vivo em um mundo que não conhecemos e não entendemos ainda. E o mais incrível é que este filho, ainda que distante do físico, nunca esteve tão perto, tão acalentado, tão infinitamente amado, pois voltou para onde foi primeiro gestado, antes mesmo que o útero: o coração.
Para as mães que não têm mais seus filhos fisicamente